Eu não vejo nada tal como é agora.
Essa idéia, obviamente, decorre das duas precedentes. Mas, embora possa ser capaz de aceitá-la intelectualmente, é pouco provável que signifique alguma coisa para ti por enquanto. Contudo, a compreensão não é necessária nesse ponto. De fato, o reconhecimento de que não compreendes é um pré-requisito para desfazer as tuas falsas idéias. Estes exercícios concernem a prática, não a compreensão. Não precisas praticar aquilo que já compreendes. Ter como objetivo a compreensão e assumir que já a tens seria, de fato, andar em círculos.
É difícil para a mente não treinada acreditar que aquilo que ela parece retratar não existe. Essa idéia pode ser bastante perturbadora e pode encontrar uma resistência ativa sob inúmeras formas. Mas isso não impede a sua aplicação. Nada mais do que isso é requerido para estes exercícios ou quaisquer outros. Cada pequeno passo esclarecerá um pouco da escuridão, e a compreensão finalmente virá para iluminar cada canto da mente que tenha sido esvaziado dos entulhos que o obscurecem.
Estes exercícios, para os quais bastam três ou quatro períodos de prática, envolvem olhar à tua volta e aplicar a idéia para o dia a qualquer coisa que vês, lembrando-te da necessidade de uma aplicação indiscriminada e da regra essencial de nada excluir. Por exemplo:
Eu não vejo essa máquina de escrever tal como é agora.
Eu não vejo esse telefone tal como é agora.
Eu não vejo esse braço tal como é agora.
Começa com as coisas mais próximas de ti e depois estende o teu âmbito para fora.
Eu não vejo aquele cabide de casacos tal como é agora.
Eu não vejo aquela porta tal como é agora.
Eu não vejo aquele rosto tal como é agora.
Enfatiza-se mais uma vez que, embora não devas tentar a inclusão completa, tens que evitar qualquer exclusão específica. Certifica-te de estar sendo honesto contigo mesmo ao fazer essa distinção. Podes ser tentado a obscurecê-la.
(Livro: Um Curso em Milagres)
Comentários de Kenneth Wapnick:
“Se meus pensamentos são sem significado porque eles estão preocupados com um pensamento que não existe, e o passado não existe porque é enraizado no pecado e separação, que nunca aconteceram, então, logicamente tem que se seguir a isso que “Eu não vejo nada tal como é agora”.
A ideia não significa nada para nós porque estamos aterrorizados com o que ela realmente significa. No instante santo, que é o significado de “agora”, não existe nada para ser visto, o que significa que no instante santo não existe corpo. Por quê? Porque não existe pensamento de separação; nenhum pecado, culpa e medo e, portanto, nenhum corpo é necessário para nos defender contra esses pensamentos. Esses são os bloqueios à verdade.. Portanto, tudo o que eu “vejo” é uma defesa contra o instante santo.
A importância de reconhecer que sua mente está em branco quando está pensando. Nós pensamos que entendemos o que estamos pensando. Mas, na verdade, não entendemos nada, porque nosso assim chamado pensamento é um bloqueio à compreensão real.
“A pequena disponibilidade”, onde Jesus diz “tu ainda estás convencido de que tua compreensão é uma contribuição poderosa à verdade, e a torna o que ela é” (T-18.IV.7:5). Em outras palavras, nossa compreensão não é necessária. O que é necessário, no entanto, é que estejamos dispostos a aceitar que não entendemos nada. Se pudermos aceitar esse fato, estaremos abrindo o caminho para que nosso verdadeiro Professor nos instrua. Mas, se continuarmos insistindo que compreendemos e estamos certos, não existe maneira de Jesus poder nos ensinar. Em nossa insana arrogância, acreditamos que não há nada que precisemos aprender
Não questionarás o que já definiste. E o propósito destes exercícios é o de fazer perguntas e receber respostas (LE-pI.28.4:1-2).
Portanto, é nossa disponibilidade de praticarmos e aplicarmos as lições, em todos os momentos que pudermos que vai nos capacitar a finalmente entender.
É extremamente difícil para nós acreditarmos que o que estamos vendo não está lá. Pensamos que vemos uma sala cheia de pessoas e cadeiras, um relógio, um lago congelado Na “realidade”, tudo o que estávamos vendo é um retrato externo dos nossos pensamentos de separação, as formas específicas que são projeções do nosso sistema de pensamento ilusório.
Novamente, não é necessário entender ou concordar com as idéias no livro de exercícios. Jesus está simplesmente nos pedindo para fazê-los. O pensamento para hoje deveria ser perturbador, e existe algo errado se não for. Como já discutimos, se o que você está vendo não está lá, e você se experiencia como vendo a si mesmo – seu ser físico e seus pensamentos – então, você não está lá. O que poderia ser mais perturbador do que isso? Não é necessário aceitar essa idéia como a verdade. Jesus está simplesmente pedindo que você inicie o processo de treinar sua mente para pensar da forma que ele pensa.
Desfazer as interferências à lembrança do amor. Quando você tira os entulhos sombrios da mente fora do caminho – os pensamentos sem significado enraizados no sistema de pensamento do ego -, o que resta é a visão de Cristo, e essa é a compreensão. Isso não tem nada a ver com o que acontece no mundo, mas com perceber que não existe nada lá no mundo para ser compreendido. Nossa responsabilidade é simplesmente trazermos à Sua verdade os entulhos sombrios das nossas ilusões, o que leva a uma experiência do Amor de Deus e da unicidade da Filiação.”
Caso queira estudar a lição em áudio, clique no link abaixo:
Caso queira ouvir a “música-lição” em inglês, em celebração aos 50 anos do livro “A Course in Miracle” – 2015 Revival – by James Twyman – clique no link abaixo:
Caso queira rever as lições de 01 a 08: clique aqui